Por Pe. Gottardo,SJ
No último 18 de dezembro de 2019 (quarta-feira) estiveram conosco os três padres da Arquidiocese de Florianópolis que vão assumir a Paróquia São Virgílio, a partir de fevereiro de 2020. Nota-se neles disposição, solicitude, alegria e notável desprendimento para abraçar a nova missão a eles confiadas. A “conversação” sobre assuntos relativos à paróquia e outros fluía sem nenhum protocolo. Almoçaram e depois partiram. A paróquia receberá três presentes de Deus.
Ao ser procurado pelos ansiosos apóstolos, por causa dos reclames da multidão, Jesus foi categórico: “Vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (cf. Mc 1,38). A itinerância foi a marca registrada do apostolado de Jesus. Em outro contexto também foi taxativo: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (cf. Mt 8,20). De fato, seguir Jesus significa ser capaz de identificar e lutar contra com as tentações da zona de conforto.
Via de regra, consideramos interessante e fascinante seguir Jesus na radicalidade. Entretanto, não podemos contentar-nos com as exterioridades (símbolos) nem com o status que a Vida Religiosa confere e muito menos imaginarmos que saber teologia e conhecer a Bíblia seja suficiente para obtermos a salvação em Cristo. Não há perigo maior que a cegueira/ignorância. Jesus não engana ninguém. Quem quiser segui-Lo terá que enfrentar as dificuldades inerentes ao estilo de vida Dele. “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (cf. Lc 9,23). Além de nos arrancar da zona de conforto, o seguimento de Cristo nos desestabiliza e nos desestrutura porque vai na contramão dos “esquemas deste mundo” (cf. Rom 12,2).
As mudanças criam desconforto e irritações, mas não mudar é fatal. Parar no tempo é fossilizar-se. A superação dos maus hábitos e dos vícios é uma luta árdua e como dói. Não é possível seguir o profeta de Nazaré sem passar pelo crivo da conversão. Converter-se é um verdadeiro milagre. Somos obrigados a renunciar à nossa existência pacata, medíocre e acomodada nas quais, muitas vezes, estamos imersos. Para seguir Jesus é preciso, também, não ter casa, não ter abrigo nem mordomia, isto é, não estar aferrado a coisa alguma. Não é à toa que vemos tantos farsantes “pousando” de cristãos! Para os ignaros o seguimento de Jesus pode se configurar como uma experiência assustadora.
Entretanto, quem se põe na estrada de Jesus na qualidade de sacerdote deve ser talhado e estar disposto a fazer das mudanças uma espécie de estilo de vida. A missão o exige. Não é tarefa fácil. É a experiência/dinâmica que nós, padres jesuítas da Paróquia de São Virgílio e os Padres Pedro Schlichting, Lúcio Espíndola Santos e Flávio Feler estamos realizando. Em breve, ou seja, no próximo dia 2 de fevereiro de 2020, nós partimos para outras paragens e eles chegam. Somos pobres servidores do Reino. E isto nos basta. Tudo para a maior glória de Deus.