Os caminhos de Deus são infinitos. Camilo de Léllis (nascido em Bucchiánico de Chieti) impôs-se à veneração do mundo inteiro também por causa de um pequeno tumor que teimava a reaparecer, obrigando-o a ficar periodicamente no hospital de são Tiago em Roma. Seu pai, marquês, homem de armas, deixou ao filho Camilo a herança de sua coragem e da sua espada. O jovem, tendo ido a Roma para tratar-se do seu incômodo no pé, internou-se no hospital, pagando a diária com o trabalho de servente. Mas o vício do jogo fê-lo perder literalmente a camisa, além do minguado dinheiro adquirido como soldado de aventura. Pondo-se depois a serviço dos capuchinhos, enquanto cavalgava para o convento entre duas cestas de provisões, na estrada de são João Rotondo e Manfredônia, como são Paulo na estrada de Damasco, foi fulminado pela graça.
Decidido a mudar de vida, pediu ingresso no convento franciscano, mas a úlcera no pé lhe impediu de fazer parte da família de são Francisco. Voltou a Roma para tratar-se do obstinado incômodo, e desta vez se dedicou ao serviço dos enfermos com outro espírito. Ficou como ajudante voluntário. Assíduo aos leitos dos doentes mais repugnantes, dizia-lhes com tom de segurança: “Mandem em mim, porque vocês são meus patrões”. O domingo e as poucas horas de liberdade passava-os ao lado de são Filipe Néri, cuja influência foi determinante para a obra que estava para empreender.
Havia apenas acabado o Ano Santo de 1575, durante o qual os poucos hospitais romanos tinham se mostrado de todo insuficientes para enfrentar o número de peregrinos necessitados de assistência. Camilo de Léllis fundou então a Congregação dos Ministros, isto é, servidores dos enfermos, porque a função principal dos membros da nova congregação era a de dedicar-se ao cuidado espiritual e à assistência corporal dos doentes.
Dois anos após Camilo foi ordenado sacerdote. Durante vinte anos dirigiu com firmeza quase militar os seus religiosos. Nenhum compromisso podia tirar são Camilo do leito dos enfermos: “Tenham paciência — dizia a quem o chamava alhures — estou ocupado com nosso Senhor Jesus Cristo”. Sete anos antes da morte, que foi em Roma a 14 de julho de 1614, Camilo de Léllis renunciou ao cargo de superior geral. Seu corpo é venerado em Madalena em Roma. Foi inscrito no catálogo dos santos em 1746 e declarado em 1886 patrono dos enfermos e dos hospitais, junto com João de Deus.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.