Simplício, natural de Tívoli, foi sumo pontífice de 468 a 483. Um período muito agitado para a Igreja e para o Estado. Odoacro, em 476, após ter eliminado Orestes, deportou o filho Rômulo, último representante imperial. Ficou numa vila napolitana com 6.000 libras de ouro anuais e enviou as insígnias imperiais ao imperador Zenão, do Oriente.
Também este não vivia os melhores dias. Teve de enfrentar a revolta de Basilisco. Só venceu com a ajuda de Teodorico, rei dos ostrogodos. Esta série de eventos não deixava de influenciar na vida da Igreja do Ocidente e do Oriente. Odoacro e Teodorico pertenciam ao arianismo. Basilisco era monofisita.
O monofisismo fora suscitado por Dióscoro, patriarca de Alexandria do Egito, e propagado pelo monge Êutiques. Sua tese central, que lhe dava o nome, era: em Cristo há uma só natureza, a divina. Não obstante a enérgica intervenção de Leão Magno, a heresia triunfou no chamado “latrocínio de Éfeso” (449). Dois anos depois a doutrina ortodoxa foi confirmada com clareza no concílio de Calcedônia, que tomou como artigo de fé o documento de são Leão Magno.
Este Concílio emanou também o famoso cânon 28, que reconhecia ao patriarca de Constantinopla certa supremacia. Os enviados do papa julgaram-na como uma inovação perigosa. São Simplício a combateu. A controvérsia sobre o monofisismo ainda durou algum tempo.
Além da defesa da genuína doutrina cristã, são Simplício tornou-se benemérito por suas restaurações de igrejas de grande valor artístico e tradicional, entre elas a de santo Estêvão Rotondo e de santa Bibiana. Impediu a destruição dos mosaicos pagãos da igreja de santo André.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.