Por Jean Bunn
Neste sábado (27), com o apoio de paroquianos e de lideranças locais, pudemos colocar em prática um ansiado projeto missionário na comunidade de Santo Antonin, Ponta Fina Norte. Em despeito à semana tímida e chuvosa, o sábado amanheceu quente e ensolarado. Era como se a própria Natureza se compadecesse de nossos missionários, abrindo suas cortinas para revelar-lhes a beleza da criação. Tão singular fato não passou despercebido, trazendo alegria e motivação a todo o grupo.
O evento se iniciou por volta das 8h, com todos os missionários muito bem recebidos pelo CPC da comunidade para um delicioso café. É válido destacar a presença do jovem Karlo, que com apenas 11 anos dedicou-se o dia inteiro para ajudar nas visitas às casas.
Após o abençoado momento de confraternização, o envio foi realizado por nosso pároco, Pe. Roberto Gottardo, SJ. Para servir de inspiração aos incumbidos de visitar as famílias, ele expôs uma maravilhosa reflexão em forma de poema, obra sua, que retrata o apelo que devemos ter, caso queiramos ser profetas dignos de assim sermos chamados:
Vá e confie!
(Por Pe. Gottardo,SJ)
Vá e confie!
Eu sei que é difícil deixar os compromissos pra ir
Eu sei que não é fácil deixar a zona de conforto.
Vá e confie!
Porque existe um fogo que te impulsiona a ir
Que o prêmio é certo e o teu galardão hás de receber um dia.
Vá e confie!
Que rostos banhados em lágrimas esperam por ti!
Muitas pessoas estão te aguardando para sair do cativeiro.
Vá e confie!
Porque quem te chamou, te dotou de capacidades para enfrentar os desafios
Por onde passares, lançarás sementes do Reino e outros verão novos campos florir.
Vá e confie!
Porque Aquele que chama e envia em missão
“quer fazer novas todas as coisas” (cf. Ap 21,5)
O Espírito Santo, segue à nossa frente abrindo portas e desatando nós.
Vá e confie no poder de Deus!
Vá e obedeça: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,5).
Os missionários então, divididos em duplas, visitaram as casas da comunidade, onde meditaram o Evangelho, oraram e ouviram as demandas de cada família. Dessa forma, conhecendo melhor a realidade da comunidade, é que é possível praticar ações evangelizadoras que sejam concretas e que não se prendam ao puro verbalismo. Nossos missionários certamente encontraram casas maravilhosas, com famílias que vivem em seu dia-a-dia o cristianismo e que, em despeito de todo o sofrimento que possa existir em suas vidas, se mantêm firmes na Verdade e na Caridade.
Entretanto, também foram encontrados casos espinhosos, que deram ao evento o seu sentido mais profundo de doação e evangelização. Quando confrontados com doenças, tanto espirituais quanto corporais, é que os discipulos podem testar a profundidade de sua fé. A própria origem bíblica da palavra Satanás significa-nos “Tentador”. Assim, é somente no confronto da cruz que nossas crenças são realmente testadas e validadas. Da mesma forma, essas realidades difíceis e doloridas mostraram aos nossos missionários o significado mais profundo do Amor e a necessidade imperativa de aliviar a dor de nossos irmãos. Parafraseando as santas palavras de Cristo, ”[…] todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25, 40)!
Padre Roberto, dando o exemplo do bom pastor, incumbiu-se especialmente dos casos mais difíceis e dolorosos. Ele encarregou-se de visitar os doentes e idosos, onde pacientemente ouviu suas dores e enxugou aquelas lágrimas que recendiam tanto cansaço e dor. Não é possível deixar de lembrar-se do caso da multiplicação dos pães, onde um Jesus comovido afirma: “tenho compaixão da multidão” (cf Mt 8,2). De fato, também nossas multidões, tantas vezes desamparadas, tem fome e sede de afeto e de um olhar compassivo.
Ao meio-dia, os missionários se reencontraram no salão do oratório, onde descansaram e almoçaram. A comida, especialmente elogiada por todos, foi feita com muito esmero por pessoas dedicadas da comunidade que atuaram nos bastidores do evento. Durante o descanso, todos os presentes foram brindados com o talento dos jovens Wesley e Karlo, artistas na arte do acordeón, que nos animaram com músicas festivas.
Findado o almoço e o descanso, prosseguiu-se com o trabalho nas casas. As 18:30 h houve uma missa de encerramento na comunidade, presidida pelo padre Roberto. Durante a reflexão da homilia, ele relacionou o evangelho do dia, onde o cego pede a Jesus: “Mestre, que eu veja!” (cf Mc 10,51) com nossas demandas, onde muitas vezes queremos que Jesus faça-se de empregado de nossas vontades mesquinhas. Certamente os missionários, a exemplo do cego, puderam ver melhor a realidade de nossas famílias, seja ela uma realidade de dor ou de exultação no Senhor (como cantou o salmista na liturgia desse dia). Ao fim da missa, os catequisandos da comunidade, animados pela dona Cida e por sua catequista, apresentaram à comunidade uma música, que pode ser assistida no vídeo abaixo:
Ao final, todos, sejam eles os missionários ou as famílias que os receberam, puderam contemplar um pouco mais do Espírito do Evangelho, que tira as escamas de nossos olhos e nos faz ver as situações que se passam ao nosso redor. Oremos para que, assim como o cego, possam ouvir de Cristo: “Vai, a tua fé te curou” (cpef. Mc 10,52).